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INGLÊS COMO LÍNGUA FRANCA – UM NOVO MOVIMENTO, UM VELHO ERRO

  • Mr. Austin
  • 8 de dez. de 2017
  • 3 min de leitura

Você já considerou que, nesta era de globalização, inglês é mais falado (e ensinado) por não nativos do que nativos?1 Esta situação linguística é inédita no mundo! O resultado é um sentimento de que o privilégio de propriedade da língua inglesa não pertence mais a um grupo exclusivo. Quer dizer, quem dita os padrões da pronúncia, expressões culturais e etc. corretas não é o Inglês ou o Americano. Cada um, agora, é um ´acionista´ desta mega ‘agremiação’. Já pensou nisto? Quem alega esta posição não refere mais a esta segunda língua como EFL (English as a Foreign Language), mas ELF (English as a Lingua Franca);2 pois o inglês se tornou a língua franca do mundo!

O que isto quer dizer? Será se este seu peso de preocupação, aluno de inglês, de imitar uma pronuncia nativa perfeitamente, é irrelevante? Será se a comunicação não é o essencial. Quer dizer, no final, você está aprendendo inglês não para falar com um nativo, mas com outros que também tem inglês como sua segunda língua – como você. Nestes termos, negociação de sentido3 e se fazer inteligível é o novo lema linguístico.

Sem desqualificar todos professores não nativos (que julgo, na maioria, serem superiores aos nativos) e com respeito e admiração aos estudiosos que se atrevem nesta nova aventura linguística, a tese da ELF me deu indigestão na mente como filosofo. Acredito que tem um erro inerente aqui – uma falácia informal que a lógica chama de raciocínio ou argumento circular (petitio principii). Este erro é muito difícil de enxergar pois, quem o comete, está envolvido no argumento. A obscuridade agrava neste caso onde o círculo se complementa indiretamente. É preciso conseguir se erguer, dar um passo para fora do argumento, e enxergar de longe. É semelhante ao erro do Creto afirmando, “Todos Cretos são mentirosos”. É o argumenta que a Bíblia é a Palavra de Deus porque ela diz ser, e sendo a Palavra de Deus, ela não mente. É o relativista propondo que “não há absolutos” – acaba de propor um absoluto, não é? Por definição, o erro do argumento circular é quando, para que as premissas sejam verdades, a conclusão já deve ser verdade.

No caso do ELF, o erro está no uso do padrão negado para comunicar inteligivelmente a própria tese que nega o padrão. A consequência seria um regresso ao infinito—em hipótese, surgiria uma serie de novos dialetos (ingleses) onde, após se apartarem de tal modo um do outro, uma língua franca, novamente, seria requisitada; que então também seria negada, e o círculo vicioso se repetiria. Se você não entendeu, vou dar minhas objeções em um exemplo e a consequência em uma analogia.

Exemplo: Certo estudante escreveu uma tese defendendo ELF. Este, tendo inglês como segunda língua, mas muito capacitado, decidiu escrever sua tese em inglês. Em seguida, ele liga para um amigo nativo e faz o seguinte pedido: “Você poderia revisar meu inglês? ”

Analogia: Quando eu era criança, meu pai, metido a carpinteiro, estava fazendo uma cama. Ele me pediu para cortar uma sequência de bastões decorativos para a cabeceira. Eu medi o primeiro com uma treina métrica e cortei. Executando minha inteligência prática, medi o segundo usando o primeiro bastão, e cortei. Usei o segundo para medir o terceiro bastão, e cortei. Usei o terceiro para medir o quarto.... Ligeiramente cheguei no oitavo. Quando fui encaixar as peças, descobrir que os últimos três da sequência erram curtos de mais! Como foi isto mesmo?! Eita! E pior: tinha acabado a madeira!

Se você entendeu meu argumento e concorda comigo, vamos deixar os sentimentos e frustrações de lado, e treinar a pronúncia. Se não, eu aceito seu desafio (comentar abaixo)!

1 KACHRU, B. Liberation Linguistics and the Quirk Concern. In: SEIDLHOFER, B. (Ed.) Controversies in Applied Linguistics. Oxford: Oxford University Press, 2003. p. 19-33.

2 Entre outros termos propostos, como “International English,” “World Englishes”, etc. (veja SPICHTINGER, Daniel. The Spread of English and its Appropriation. 2000). O conceito é apresentado como um velhor conceito por Jennifer Jenkins (English as a Lingua Franca in the International University, 2013).

3 SCHWARTZ, J. The negotiation for meaning: repair in conversations between second language learners of English. In Larsen-Freeman, D. (Ed.). Discourse Analysis in Second Language Research. Rowley, Mass.: Newbury House, 1980. VARONIS, E. M.; GASS, S. Non-native / non-native conversation: a model for negotiation of meaning. Applied Linguistics, v. 6, n. 1, p. 71-90, 1983.


 
 
 

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